
9 “Aprendizados” para Analistas de dados e Analistas de BI jr
Há 9/10 meses atrás eu fiz uma “migração de carreira” e comecei a atuar como Analista de BI jr.
Eu decidi fazer essa movimentação em minha carreira, pois queria aprender mais.
Sem dúvidas o mercado de trabalho não é um “espaço de treinamento”.
Eu já vinha com uma bagagem de estudos, projetos e conhecimento para poder atuar, mas… talvez eu seja “existencialista” demais e precisava vivenciar para aprender mais.
Eu aprendi muito e o tempo passou de forma absurdamente diferente nesse período.
Parece que entrei em uma nave, como do filme Interestellar, fui para outro planeta e com isso se passaram uns 3 anos.
Bom, esse blog aqui é para compartilhar conhecimento, então, nada mais justo que eu compartilhe o que aprendi nesse período.
Separei 9 temas (sem “tecniquês”), 1 para cada mês, mas não necessariamente aprendi eles nesse mesmo tempo.
Uns eu aprendi no primeiro e segundo mês, outros talvez ainda esteja em processo de amadurecimento.
Se você é uma pessoa que está “entrando” no mercado para atuar como Analista de BI/Analista de dados jr., talvez minha experiência possa lhe ser útil de alguma forma.
Bora lá?!
Sumário
1 — Não tenha vergonha de ferramentas
2 — Comunicação é uma das principais habilidades
5 — Gerenciamento de tarefas e negociação
7 — Trabalhos imperfeitos tem muito valor
1 — Não tenha vergonha de ferramentas
“Para quem só conhece martelo, todo parafuso vira prego.” A verdadeira sabedoria é saber quando usar a chave de fenda, um martelo ou mesmo a parafusadeira elétrica.
Você começa a estudar programação e a partir desse momento parece que tudo que não envolva uma linha de código, parece se tornar desinteressante ou até mesmo “pior”.
Por muito tempo enxerguei que usar Excel ou Google Sheets poderia ser sinal de “amadorismo” e tinha vergonha de falar que usava essas ferramentas. Mesmo estudando, praticando e até mesmo orientando outras pessoas a usar Python — Pandas.
O que ouvi em palestras e que o tempo me mostrou, foi que não importa a ferramenta que você use, se você consegue entregar o valor necessário (considerando tempo + qualidade).
Sabe aquela história de que não adianta você martelar um parafuso?
Ela é muito real.
Mas claro, não adianta nada você também querer usar apenas uma chave de fenda para parafusar 1000 parafusos, sendo que você poderia usar uma parafusadeira automática.
O importante é você ter conhecimento necessário para que saiba as possibilidades de cada ferramenta e poder extrair o necessário para resolver seu problema.
Outro ponto importante em relação a ferramenta é o “compartilhamento do trabalho”.
De que adianta você desenvolver uma análise inteira, usando Python, se ninguém da sua equipe sabe ?
Eu não estou defendendo ferramentas de planilha não, pelo contrário, no fundo eu nem gosto muito de usar, porque a “reprodutibilidade” é incomparável com uma linguagem de programação, ou mesmo as “etapas salvas” do Power Query.
Além disso, você também pode ir trabalhar em um local, onde haja ferramentas nativas que possam fazer todo o processo de transformação de dados com outros mecanismos (seja “point and click” ou não) e não será necessário usar nenhuma ferramenta “mais parruda”, mas sim uma simples planilha.
2 — Comunicação é uma das principais habilidades
“O mais importante na comunicação é ouvir o que não foi dito.” Peter Drucker
Quando pensamos em Dados, a dedução lógica é que passaremos o dia inteiro fazendo cálculos matemáticos e… na realidade é verdade, mas não necessariamente eles são complexos.
O mais importante é entender como aplicar esses cálculos e comunicá-los, fazendo da comunicação, uma das principais habilidades.
A análise, na realidade, é argumentação.
O dado, como seu próprio nome já diz, tem várias perspectivas e você pode analisá-lo por todos os lados.
Apenas com “análises exploratórias”, já se consegue chegar muito longe se você souber quais perguntas quer responder e entender o “tipo de negócio” que está explorando.
Visualização de Dados é claramente comunicação e há diferentes modelos nos quais você usa suas habilidades:
- “Análise reservada”: a própria analista criará gráficos para ler, individualmente, os dados e entender o que se passou para obter informação..
- “Análise expositiva”: depois de ler e entender o que se passou, esse é o momento de contar e comunicar os dados para o público-alvo.
O livro “Storytelling com dados” foi uma das leituras mais utilizadas por mim.
Se você ainda não leu, vá ler.
3 — Seja técnico
Tenho que confessar, gosto mais da parte “técnica”.
Quando escuto alguém falando e não explicando, de fato, como as “coisas funcionam” não me agrada tanto.
É uma cobrança que faço para mim mesmo e com o tempo fui percebendo que precisamos equilibrar, porém… se no final do dia se X for igual a 5 e X — 1 não for igual a 4, você terá problemas.
Outro ponto positivo do “tecniquês” (seja de ferramentas ou de conceitos) é o poder que o conhecimento te dá para você aplicar quando necessário e isso pode te abrir “diversas portas”, aonde quer que você esteja.
Já ouvi falar que o “ser técnico” é entender um ou dois passos na abstração da “operação” que você está fazendo, seja apertar um botão, digitar uma função em uma linguagem de programação ou até mesmo estruturar um método para implantar novos processos.
Ser técnico não é fácil, exige tempo e dedicação, mas se te brilha os olhos, vale a pena.
4 — Não seja técnico
Talvez, seja clichê demais eu querer equilibrar a balança aqui, mas é verdade.
No geral, as pessoas não querem saber como “cada coisa funciona”, porque também, vamos ser sinceros… ser técnico pode ser prolixo, “arrastado” e bem chato.
Dados precisam ser contextualizados e entendidos da forma correta.
Para você saber que o X é igual a 5, você precisou entender muito bem de partes não técnicas, além disso, você deve saber exatamente qual será o valor que X — 1 trará para sua organização.
Se você não souber entregar valor ao negócio com dados, você não estará fazendo o seu trabalho.
“Não ser técnico” também não é fácil.
Também exige tempo, dedicação e até arrisco dizer que uma sagacidade particular.
5 — Gerenciamento de tarefas e negociação
Essa é uma das habilidades que não é “meu forte”, mas elas têm melhorado com o tempo.
Em um mundo onde as coisas mudam muito rápido e novas demandas surgem o tempo todo, nós precisamos saber priorizar de acordo com o valor entregue ao negócio.
Gerenciar tarefas é uma das principais habilidades que você precisa ter enraizada em você. Não adianta só seguir o “combinado”, precisa saber se comunicar para alinhar de acordo com as dificuldades e volumes que podem se acumular.
Em um “mundo sem tempo”, negociar prazos e detalhamento de análises se torna essencial para o dia-a-dia de Analistas de Dados.
Invista um tempo em conhecer metodologias de produtividade, ferramentas ou mesmo, “estar sempre atento”, as suas atitudes.
6 — Compartilhe conhecimento
Mais um “conselho” enviesado, porque gosto de compartilhar conhecimento, mas… é realmente gratificante.
Vivemos em uma sociedade que produz cada vez mais informação e em maior velocidade. Com isso, o conhecimento se torna mais especializado, devido ao volume de informações e os times se tornam multifacetados, cada um com sua especialidade, porém com conhecimentos gerais do todo.
Compartilhar conhecimento é levar um pouco de você e do que você aprendeu para as pessoas com quem você trabalha.
Compartilhar conhecimento é ensinar seus “erros” e o seu “processo” para as demais pessoas.
Compartilhar conhecimento realmente pode te abrir portas e, até mesmo, mais oportunidades de crescimento dentro da sua própria organização.
Aprendi com minha antiga diretora, em meu emprego anterior, que devemos sempre ter pessoas treinadas a executarem seus processos de forma que se você não estiver ali, o sistema continue fluindo. Dessa forma, quando houver alguma nova oportunidade, você poderá abraçar novos desafios.
Não guarde o que você aprendeu, seja conhecimento técnico ou por “sabedoria da experiência”.
7 — Trabalhos imperfeitos tem muito valor
“Ter capacidade de improviso é fundamental, improvisar como regra é imprudência” — Reis Júnior
Se você é uma pessoa preocupada, talvez tente dar “o seu melhor” em praticamente tudo na vida. Se você está “migrando de carreira” e não tem uma formação formal, talvez você ainda suba ainda mais sua “régua”.
Nem sempre essa atitude é saudável.
Eu não sou uma pessoa que gosta de “gambiarras”, não me orgulho de dizer que resolvi um problema dando um “jeitinho” não técnico/formal.
Talvez eu seja formal demais.
Mas uma coisa que aprendi no dia-a-dia é que “trabalhos imperfeitos geram valor”.
Entregar soluções, mesmo que paliativas para o momento é o que talvez você precise para o agora (mas sempre deixe claro esse contexto, pois muitos jeitinhos, podem necessitar de um “jeitão” no final).
Às vezes, aquela “solução perfeita” e correta não existe, as prioridades mudam e o “timing” vai passar.
Dentre tudo isso, a maior sabedoria/senioridade é saber onde, quando, qual e como usar a “gambiarra” para entregar os melhores resultados.
Esse foi um dos pontos que o Hipsters da semana passada também abordou:
8 — Não existe “bala de prata”
Frase do “bingo dos marketeiros”, mas é verdade.
Sabe aquele KPI que você e o seu time quer alcançar? Aqueles 2 pontos, aqueles 10%…
Então, não existe mágica para alcançar, mas sim muito trabalho de diferentes frentes para contribuir no crescimento.
Não adianta você fazer a melhor análise ou encontrar o insight genial, porque apenas “um elemento não muda o ponteiro.”
9 — O “Trabalho” importa
A palavra “trabalho” não ajuda as pessoas entenderem o real significado.
“A palavra trabalho deriva do latim tripalium ou tripalus, uma ferramenta de três pernas que imobilizava cavalos e bois para serem ferrados.”
Esse é um ponto que já carrego comigo desde cedo e a cada ano que passa, venho amadurecendo cada vez mais.
Trabalhar não é para ser um sofrimento e muito menos um grande desgaste sem sentido, mas sim a construção e lapidação de uma “obra” em prol de um objetivo/propósito.
Seu objetivo talvez seja realmente apenas ganhar dinheiro, porque você tem uma família para sustentar, dívidas a se pagar ou mesmo sonhos a se conquistar…
e tá tudo bem!
O trabalho é uma atividade diferente de apenas um emprego e sua dedicação, principalmente com seus pares é importante.
Considerações finais
Sou muito grato por todas as pessoas que convivi e aprendi durante esse tempo.
Uma última “dica” para você que quer aprender mais, é essa palestra:
Eu tentei seguir os conselhos dados nela e olha, tive bons resultados.
Vale a pena conferir.
Mas agora, quero saber de você:
Qual outro “conselho” você daria para profissionais jr. que estão entrando no mercado?
Deixe nos comentários e vamos compartilhar conhecimento.
Se você chegou até aqui e curtiu, dê palmas, compartilhe e se inscreva para me acompanhar.
Ainda há muito a se explorar…