Inteligência Artificial em Bibliotecas: necessidade ou apenas mais uma buzzword?
Inteligência Artificial está no hype e talvez você ache que esse texto é apenas mais um dentre todos os demais que estamos vendo surgir por aí.
Claro! Ele também está fazendo parte da “onda” que estamos passando, mas o conteúdo é mais significativo do que apenas uma “onda”.
As bibliotecas têm como objetivo promover o desenvolvimento do conhecimento nas comunidades onde atuam.
Para isso, elas armazenam uma grande quantidade de informações (físicas e digitais) obtidas de diversas fontes e também desenvolvem estudos de usuários, para poder entender melhor seu público e fornecer os melhores serviços informacionais.
Para articular todo esse ecossistema, elas dependem de sistemas de tecnologia da informação para auxiliar, tanto nas frentes mais rotineiras e operacionais, quanto nas mais estratégicas e analíticas.
Afinal, a Inteligência Artificial pode ser mais um sistema que auxilie as bibliotecas ou é apenas mais uma buzzword?
Foi o que essa revisão de literatura, publicada em janeiro de 2023, se propôs a dizer:
No texto de hoje, farei um resumo sobre os principais pontos abordados por ela.
Bora lá?!
Sumário
Definindo Inteligência Artificial para Biblioteconomia
Fases de Inteligência Artificial em uma organização
Definindo Inteligência Artificial para Biblioteconomia
Eu me aproximei do tema de Inteligência Artificial, devido aos meus estudos em Ciência de Dados (Machine Learning) ligados à Biblioteconomia.
Se você tiver interesse, meus últimos textos foram sobre isso:
Unir áreas que não tem intersecções claras (a princípio), pode ser um desafio. A própria intersecção entre Ciência de Dados e Biblioteconomia, a Biblioteconomia de Dados, ainda não se popularizou entre a comunidade bibliotecária no Brasil.
As relações entre Inteligência Artificial e Biblioteconomia também fazem parte de um ramo da Biblioteconomia de dados (quando é utilizada para o desenvolvimento de novos serviços de informações baseado em estimativas encontradas a partir de dados).
Por este motivo, indico a leitura desse artigo, publicado em dezembro de 2022:
Até mesmo, porque a área de Inteligência Artificial é ampla e bastante complexa.
Estamos ouvindo falar muito sobre ela, porém são muitas aplicações e o entendimento sobre IA pode se tornar “cinza”, devido a todas as “entrelinhas” e “imaginário popular (criado pelas distopias e utopias de diversas culturas)”.
IA em bibliotecas ainda está no início, mas o texto já indica 5 frentes:
- Aplicação de IA para as operações da biblioteca: usar a tecnologia em tarefas administrativas e manuais de rotina em bibliotecas.
- Aplicação de IA para os serviços da biblioteca oferecidos aos usuários: principalmente em duas principais frentes: descoberta de conhecimento no acervo; chatbots.
- Apoiar comunidades de cientistas de dados: Oferecimento recursos relevantes para a comunidade de cientistas de dados, como a busca por conjuntos de dados, aconselhamento sobre direitos autorais, gerenciamento e preservação de dados.
Elas ainda podem ser um “espaço neutro” para trabalho interdisciplinar e apoiar programas de ensino de Ciência de Dados.
4. Letramento em dados e IA como uma dimensão do letramento informacional: Bibliotecas são espaços de difusão do conhecimento e podem também ser um espaço para auxiliar o letramento de dados dos usuários.
Há diversos materiais sobre letramento de dados, “letramento informacional de dados”, inclusive no ano passado resumi o livro “Data Information Literacy: Librarians, Data, and the Education of a New Generation of Researchers” (clique aqui para acessá-lo) e postei aqui no Medium.
Aqui está o último texto com os links para os demais:
5. Uso de dados para analisar, prever e influenciar o comportamento do usuário: usar dados do acervo, do uso da informação, dos usuários para criar modelos de previsões pode ser bem animador, mas temos que ter consciência de todos os princípios éticos que transpassam o tema.
Inclusive, já escrevi sobre:
Ele até mesmo aborda o medo da “substituição pelas máquinas”, que posso deixar sua consideração nessa frase:
“Pelo menos podemos ter certeza de que os bibliotecários ainda serão necessários, porque estamos entrando em um cenário de informações mais complexo do que nunca, de modo que os papéis de mediação de informações mudarão, mas não desaparecerão.”
Fases de Inteligência Artificial em uma organização
Adotar IA em uma organização não é um processo simples.
É necessário entendimento da tecnologia, avaliação de acordo com os problemas do negócio, adoção e sinergia com a cultura organizacional, para ao final, ter ela operando de forma fluída.
O texto cita que a implementação pode ser dividida em 3 fases:
- Emergência: termo IA começa a entrar no radar da organização e se torna comum, porém a tecnologia ainda não é aplicada com uma equipe dedicada.
- Adoção: é a fase de avaliação da tecnologia nos negócios da organização. Durante essa fase, os tomadores de decisão procuram compreender como a sua adoção afetará o retorno do investimento (ROI).
- Dispersão: a última e talvez mais longe de se atingir. Nessa etapa a IA já está presente em todo o ecossistema da organização, apoiando o trabalho de cada colaborador. Ela se torna uma tecnologia comum que é utilizada por todas as pessoas e não apenas por uma pequena parcela.
Em conjunto as três seriam chamadas de Zeitgeist.
Zeitgeist é um termo alemão para o “espírito do tempo”, uma forma de se “pensar e sentir” de acordo com o espaço temporal do momento.
Ter esse paralelo com termos de outras línguas/culturas é muito interessante para nosso entendimento geral durante esse período de “transformação digital” que estamos passando. Principalmente porque há diversas complexidades culturais que se estendem de acordo com o contexto onde se está inserido.
Atualmente estamos entre a fase de emergência e decisão dentre as bibliotecas.
Inteligência Artificial em Bibliotecas
A Inteligência Artificial tem se mostrado cada vez mais presente em diversos setores da sociedade e com as bibliotecas não é diferente.
Entretanto, apesar dos avanços tecnológicos recentes, o artigo afirma que há uma lacuna e resistência entre as bibliotecas em adotar a IA em seus serviços.
“A IA pode transformar a forma como as pessoas enxergam as bibliotecas e a recuperação de informações, tornando-as verdadeiras fontes de conhecimento e informação.”
Mas para isso, talvez seja necessário uma mudança de paradigma nas bibliotecas e uma abertura por parte dos humanos em aceitar a IA como aliada.
Além disso, as bibliotecas também podem auxiliar a sociedade a passar por esta transformação digital, se tornando centros de difusão e capacitação digital, como é o caso dos makerspaces/hackerspaces e programas de letramentos de dados.
Considerações finais
O tema ainda precisa ser mais explorado, tanto em pesquisas formais de aplicação de IA em bibliotecas, quanto de implementações efetivas, mas é uma necessidade e não apenas uma buzzword.
Um questionamento deixado no artigo foi:
“até que ponto a IA pode ser implementada em uma biblioteca?”
Inteligência Artificial é uma área muito extensa e há muita informação para se estudar ou mesmo, aplicar em uma biblioteca. Eu decidi estudar machine learning (em breve, espero trazer mais conteúdos práticos por aqui) para entender suas intersecções com a Biblioteconomia/Ciência da Informação.
Mas e você?
Sobre o que você está estudando na intersecção de áreas entre Inteligência Artificial e Bibliotecas?
Deixe nos comentários e/ou demais links que você queria compartilhar. :)
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Ainda há muito a se explorar.