Inteligência Artificial Generativa e Bibliotecas: um futuro que já começou
A tecnologia chegou, e as bibliotecas estão começando a experimentar o que ela pode oferecer.
A Inteligência Artificial Generativa deixou de ser uma ideia futurista para se tornar parte do nosso cotidiano — inclusive nas bibliotecas. Ferramentas como o ChatGPT, por exemplo, já estão sendo testadas para ajudar na escrita de textos, na criação de conteúdos de apoio e até no atendimento a usuários.
Trabalho no Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU) e, em levantamentos internos que realizamos, a IA apareceu como um dos temas mais pedidos por colegas para ações de capacitação. Foi daí que surgiu a ideia de montar o curso “Introdução à IA Generativa para Bibliotecas”.
A ideia foi apresentar, de forma acessível e prática, o que é essa tal IA Generativa e como ela pode, ou não, fazer sentido no dia a dia de quem trabalha com informação.
Aqui, compartilho um pouco do que rolou no curso, do que discutimos e do que, na minha opinião, ainda está por vir.
Bora lá?!
Por que esse tema agora?
O interesse por IA não surgiu do nada. O avanço recente dessas ferramentas — mais acessíveis, mais intuitivas — despertou dúvidas e curiosidade em muitas áreas, e nas bibliotecas isso não foi diferente.
Quando o SBU fez um levantamento interno sobre temas prioritários para formação, a IA apareceu com força. Foi aí que surgiu a proposta do curso: trazer esse conteúdo para perto, sem jargão técnico demais, mas também sem simplificar o que merece ser discutido com calma.
Como estruturei o curso: da base à prática
Minha intenção foi construir um caminho que começasse nos fundamentos, mas que logo apontasse para situações reais do nosso trabalho.
O conteúdo foi dividido em três partes:
- Uma introdução à IA e seus tipos
- Compreensão dos principais ajustes e comandos (como prompting, temperatura, Top-P…)
- Exemplos de uso aplicados ao contexto das bibliotecas
Foi um curso direto e com espaço para dúvidas, ao final. A ideia era mostrar como essas ferramentas funcionam e o que dá pra fazer com elas, ou não.
Ferramentas, uso real e o que aprendemos
Ao longo da formação, trabalhei com três ferramentas principais:
- ChatGPT, usado para elaboração de textos, planejamento de atividades e interações simuladas;
- Dimensions Research GPT, que conecta IA com a base de dados bibliográfica (Dimensions);
- Google AI Studio (Gemini), onde é possível criar e testar seus próprios modelos.
Também discutimos bastante sobre como fazer boas perguntas, como guiar a IA para respostas mais úteis, e o que muda quando você ajusta um comando aqui e outro ali.
E claro, conversamos sobre os limites. Nem tudo que a IA gera deve ser aceito de forma automática. Questões como privacidade, transparência e viés precisam estar sempre no radar.
Assista ao vídeo do curso:
O que tudo isso tem a ver com o trabalho nas bibliotecas?
Muita coisa. E não só no futuro.
Hoje já é possível usar IA para automatizar tarefas repetitivas, produzir materiais de formação, criar respostas mais rápidas e até pensar em novas formas de atendimento. Ferramentas assim podem ajudar, por exemplo, a gerar sugestões de leitura personalizadas ou a organizar melhor grandes volumes de informação.
Ferramentas como o ChatGPT, o Gemini, entre outras, podem ajudar, por exemplo, a criar sugestões de leitura personalizadas, organizar grandes volumes de dados ou tornar conteúdos mais acessíveis.
No encerramento do curso, deixei uma provocação que resume bem a direção dessas reflexões:
Considerando o impacto social da informação, como as bibliotecas podem utilizar a IA Generativa para democratizar o acesso ao conhecimento, fomentar o pensamento crítico e a alfabetização informacional, equilibrando inovação tecnológica e responsabilidade ética na curadoria da informação?
Outras instituições também estão olhando para isso. Um exemplo é a UNAM, no México, que realizou recentemente uma conferência específica sobre o uso de prompts em bibliotecas.
Encerramento: tecnologia é meio, não fim
O curso foi um primeiro passo para nos aproximarmos dessa tecnologia de forma consciente. A IA é uma ferramenta potente, mas quem define seu uso somos nós.
E isso exige cuidado, reflexão e responsabilidade.
O que mais me anima é perceber que há espaço para a IA contribuir — sem substituir ninguém, mas apoiando quem está ali, todos os dias, tentando fazer mais e melhor com os recursos que tem.
Mas agora quero saber de você:
Como você enxerga o uso da IA no contexto das bibliotecas?
Já testou alguma ferramenta?
Que potencial, ou riscos, você vê nisso tudo?
Deixe nos comentários e vamos compartilhar conhecimento.
Se você chegou até aqui e curtiu, dê palmas, compartilhe e se inscreva para me acompanhar.
Ainda há muito a se explorar…