Foto da biblioteca de Sttutgart, na Alemanha. Ela possui uma arquitetura geral na cor Branca. Foco na lateral de uma das escadas, com um pequeno totem ao lado, com o número quatro impresso na cor azul marinho.
Foto de Sara Kurfeß no Unsplash

Letramento informacional de dados: Desenvolvendo um workshop na universidade

Francisco Foz
5 min readOct 4, 2022

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Gerenciar dados não é uma tarefa muito fácil. Principalmente quando se há dados sendo produzidos em diversas frentes, de diferentes formas e formatos.

Centros de pesquisa e principalmente universidades, enfrentaram e enfrentam esse desafio. Para resolver esse problema é necessário estruturar políticas, processos, padrões para que se organize e haja de fato uma gestão.

Padrões de dados permitem que haja interoperabilidade entre eles e desenvolver esses padrões era a principal preocupação da equipe da Universidade de Purdue quando implementaram o programa de letramento informacional de dados.

Como conseguir orientar os usuários a desenvolverem e aplicarem metadados em seus conjuntos de dados?

Durante o capítulo 6 do livro:

“Data Information Literacy: Librarians, Data, and the Education of a New Generation of Researchers” (clique aqui para acessá-lo).

Caso você esteja chegando agora nesse texto, confira aqui a listagem dos demais.

Os autores relataram como implementaram um workshop de letramento informacional de dados na universidade de Purdue com enfoque na padronização e criação de metadados.

E no texto de hoje, abordarei os principais tópicos do capítulo.

Bora lá?!

Gif de uma mulher, branca, de cabelos castanhos, com uma jaqueta de couro e blusa na cor azul, andando em um corredor de uma biblioteca olhando para um papel, procurando por um livro na estante.

Sumário

Contexto

Estrutura do projeto

Resultados

Considerações finais

Textos anteriores

Contexto

O projeto foi realizado no laboratório de hidrologia no departamento de engenharia agrícola e biológica da Universidade de Purdue nos EUA.

Os alunos e docentes realizavam um processo comum de uso de dados:

  • Coleta de dados de diferentes locais
  • Processamento dos dados
  • Arquivamento para uso futuro

Mas toda a equipe tinha uma grande dificuldade de conseguir gerenciar esses dados. Faltava-se organização e padronização dos processos para que se tivesse até mesmo uma comunicação correta entre pares.

A universidade possuía um site wiki, com procedimentos e informações a serem seguidas, mas não conseguiram implantar na cultura organizacional.

Eles perceberam que precisavam de treinamentos e de ter um padrão de metadados para conseguirem aderência prática entre os alunos e docentes.

“Finalmente, os metadados eram a chave para organizar, gerenciar e disseminar dados com eficácia. Quanto mais se sabe sobre o conteúdo de um conjunto de dados, mais provável é que se faça a escolha certa sobre usá-lo.”

Durante a revisão de literatura eles encontraram o Water Metadata Language (esquema de metadados criado pelo San Diego Supercomputing Center para séries temporais hidrológicas e dados sinóticos) e o Ecological Metadata Language — EML (um esquema de metadados mais genérico do que o WML, entretanto mais específico do que o Dublin Core), mas decidiram procurar entender quais eram as reais necessidades de metadados dos discentes e docentes para que se tivesse um contexto real e mais próximo do “problema” cotidiano deles.

Estrutura do projeto

Eles desenvolveram um projeto a partir de um workshop que durou de 3 a 4 meses, dividido em 3 módulos:

  1. Padrão de procedimentos operacionais: estruturar um padrão de procedimentos operacionais relevantes e aplicar ao criar procedimentos reais para o grupo de pesquisa.

Por exemplo: fizeram uma lista de verificação de tipos de dados que poderiam ser coletados (descrevendo os tipos de dados e entendendo o processo que seria seguido).

2. Busca de dados em bancos de dados externos: mostrar na prática o processo de busca de dados e a importância dos metadados para a estruturação das pesquisas, sabendo onde encontrar e citar eles.

Eles fizeram até mesmo uma prática didática para exemplificar como a descrição de dados (metadados) era importante para a reprodutibilidade de qualquer processo. Pediram para uma pessoa escrever instruções de como fazer um sanduíche de manteiga de amendoim e pediram para outra pessoa fazer.

3. Criação de metadados: analisar e criar metadados para descrever os próprios conjuntos de dados.

A equipe criou um formulário, já com campos gerais como: coordenadas geográficas, cobertura temporal, métodos de mostragem, palavras chave, resumo… e solicitaram que preenchessem e enviassem quaisquer outros necessários.

“Embora os alunos tenham dito que entendiam a necessidade de bons metadados descritivos, eles não foram rápidos em preencher o modelo de metadados que fornecemos”.

Resultados

Em mais um projeto a equipe ficou contente com o resultado.

Reunir o corpo docente, fornecendo as informações que deveriam ser coletadas, os alunos, mostrando como elas seriam operacionalizadas e os bibliotecários, facilitando a comunicação, organização e consistência delas foi a chave para o sucesso.

Os alunos foram capazes de aumentar ainda mais o entendimento da organização de procedimentos e estruturação de dados/informações em seus projetos de pesquisa.

Entretanto deixaram claro que aprender conceitos e fazer uma aplicação em um curso é muito mais fácil do que de fato incorporar dentro de uma cultura organizacional e fazer eles mudarem por contra própria.

Pela minha experiência pessoal/profissional, mudar uma “cultura de prática”, em quaisquer aspecto, leva tempo. Precisa ser reforçado, ser “atacado” de diversas formas e sempre estar atento a todos os possíveis impeditivos reais da mudança.

Considerações finais

Tenho achado muito legal ler esse livro, devido ao aprendizado com a experiência de especialistas desenvolvendo projetos de letramento informacional de dados.

A cada capítulo tenho percebido que nos contextos relatados, a necessidade era tão grande que quaisquer que fossem os métodos aplicados e especificidades priorizadas, haveria sucesso de alguma forma.

A implementação de um “letramento informacional de dados” em quaisquer organização é um projeto complexo, que exige práticas de gestão e estruturação de projetos muito bem organizadas e práticas técnicas de conteúdo e formas de operacionalização eficazes.

As equipes que realizaram o projeto contavam com pessoas de habilidades diferentes, mas que se complementavam dentro do time. Até o momento em minha trajetória pessoal/profissional, eu tenho visto que gosto mais de áreas técnicas mas não me fecho a outras vertentes e se em algum momento fizer sentido, eu mudarei.

Agora me diga, dentro do tema de “letramento informacional de dados” você se vê mais para uma área de gestão do projeto ou para a operacionalização dele?

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Ainda há muito a se explorar…

Textos anteriores

Caso você ainda não tenha lido os textos anteriores, não deixe de conferir eles:

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Francisco Foz

Bibliotecário | Analista de dados | Disseminando informações para produzir conhecimento.