Foto de uma biblioteca, em preto e branco, com três andares na cor branca, exibindo as estantes com livros nas prateleiras.
Foto de Gabriel Sollmann no Unsplash

Letramento informacional de dados: o que vem depois do fim?

Francisco Foz
7 min readDec 6, 2022

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Durante os últimos 5 meses li, resumi e fiz algumas considerações sobre o livro:

“Data Information Literacy: Librarians, Data, and the Education of a New Generation of Researchers” (clique aqui para acessá-lo).

Caso você esteja chegando agora neste texto, confira aqui a listagem dos demais.

Sua leitura me surpreendeu, pois não imaginaria encontrar tantos detalhes, reflexões e informações atuais em um livro que foi publicado em 2015.

O letramento informacional de dados ainda é um tema pouco explorado na área e principalmente no Brasil, mas acredito que ainda colheremos muitos frutos nos próximos anos.

Mas agora, chegamos ao seu último capítulo.

Um capítulo que ainda trouxe muito conteúdo para avançarmos após seu término.

E no texto de hoje trarei as perspectivas abordadas nele.

Bora lá?!

Gif de uma iluminária em formato de livro, sendo aberta e fechada.

Sumário

Revisitando o letramento informacional

Práticas do letramento informacional de dados em ecossistemas de informação

Compartilhamento de materiais e desenvolvimento da área

Considerações finais

Revisitando o letramento informacional

Durante grande parte do livro e principalmente durante os últimos capítulos foi citado várias vezes as principais competências e habilidades necessárias para o letramento, mas para avançarmos com o letramento informacional de dados não podemos sair do núcleo do letramento informacional.

“A alfabetização informacional é o conjunto de habilidades integradas que abrange a descoberta reflexiva da informação, a compreensão de como a informação é produzida e valorizada e o uso da informação na criação de novos conhecimentos e na participação ética em comunidades de aprendizagem.” — Association of College and Research Libraries (ACRL)

O letramento informacional não olha apenas o que aprender, mas principalmente o como aprender.

O letramento informacional já passou e ainda passa por algumas transformações, assim como enxerga que para ser efetivo, não deve se concentrar apenas em resultados cognitivos, mas também em resultados afetivos, baseando-se nas emoções da experimentação com o manuseio da informação (necessidade -> busca -> uso).

Tem um livro excelente sobre esse tema.

Li ele parcialmente durante a faculdade, li por completo depois de me formar e pra ser sincero acho que preciso ler ele novamente:

Capa do livro: “Letramento informacional”, na cor azul, escrito em branco.
Clique aqui para acessá-lo.

Um livro excelente para quaisquer pessoas que queiram aprender mais sobre o tema.

Práticas do letramento informacional de dados em ecossistemas de informação

Cada projeto relatado no livro foi diferente, mas todos eles tiveram uma única semelhança: foco no usuário.

Não há letramento informacional sem o entendimento do contexto do usuário/aluno. Precisa tornar as práticas mais próximas e pessoais para os alunos para que as conexões da aprendizagem sejam realizadas de forma mais efetivas.

Talvez pela necessidade prática da aplicação do conhecimento, nas comunidades de tecnologia (como o Data Hackers e a Alura) é muito comum você ver essa prática.

Não foi apenas uma ou duas vezes que já escutei dicas que quando está estudando algo é interessante você aplicar esse conhecimento dentro de um tema que você precisa resolver no seu dia-a-dia ou em algo que você goste muito (esportes, hobbies etc).

Independente do contexto particular de cada indivíduo, nós vivemos em um mundo que tem cada vez mais dados e informações sendo geradas em uma velocidade muito alta e interconectados em diversos aspectos.

Mas será que elas estão sendo compreendidas?

Será que é importante compreender todas elas?

O letramento informacional são os remos, em um mundo inundado em informações.

Em meio a uma sociedade volúvel, formada cada vez mais por bolhas (sinceramente não sei se é bom ou ruim, mas o ser humano é diverso e eu acredito que isso expressa mais sua natureza), torna ainda mais importante a conexão cultural com letramento informacional.

Ela está mais próxima de uma visão holística considerando o contexto ambiental e as práticas sociais e físicas da pessoa com a informação, do que um conjunto de competências e habilidades que devem ser dominadas.

Um dos desafios que os autores do livro trouxeram, foi o de encontrar um “padrão” para gerenciamento e curadoria de dados de dados de pesquisa.

Mesmo quando houveram iniciativas de divulgação e criação de “culturas de prática” elas não eram amplamente reconhecidas pelos docentes/pesquisadores da área.

Essa área ainda é muito nova, já fazem alguns anos que o livro foi publicado, mas talvez ainda não seja a hora de encontrar um “padrão” tão específico.

Talvez seja a hora de promover o pensamento crítico aliado a conhecimentos técnicos para se entender quando e como utilizar essas habilidades para melhorar o processo do uso dos dados.

Compartilhamento de materiais e desenvolvimento da área

Pessoas bibliotecárias atuando com dados, letramento de dados, letramento informacional de dados…

Ainda é um tema muito novo, tanto para a sociedade quanto para a própria comunidade bibliotecária.

“Ensinar habilidades de letramento informacional de dados é um ajuste natural para pessoas bibliotecárias, pois o letramento informacional é um componente central das bibliotecas.”

Mas mesmo o letramento informacional não foi aceito rapidamente, quando lançado pela ACRL em 1989. Exigiu muito esforço e tempo pelas pessoas que defenderam o tema para a área.

Não será diferente agora.

O próprio livro é uma iniciativa de defesa. Um dos objetivos dele foi de compartilhar todas as experiências que os autores tiveram ao decorrer dos projetos, para que dessa forma pudessem expandir ainda mais a área.

É surpreendente como as coisas acontecem.

Eu nunca imaginaria que esse livro terminaria dessa forma. Com um incentivo ao compartilhamento de conhecimento, criação de conexões, fortalecimento da área (comunidade).

Esse blog nasceu de uma iniciativa assim, compartilhar conhecimento e informações.

Eu tenho utilizado dele como forma de aprendizado, de desenvolvimento da minha comunicação, do meu pensamento reflexivo, da minha expressão… do meu próprio processo de letramento informacional. :D

Com isso, eu produzo materiais que outras pessoas também podem acessar, auxiliando o entendimento delas sobre o assunto (ou também podem achar confuso e me questionar sobre e… a “discussão” está criada e uma troca de conhecimentos será gerada).

Isso eu estou falando apenas de mim, de um texto, de um tema, de uma das “especializações da biblioteconomia” (biblioteconomia de dados).

Não temos um local único onde pessoas bibliotecárias possam trocar informalmente referências, links, experiências, estratégias, informações… desde conhecimentos da graduação até especializações.

Mas quem sabe não podemos criar uma?!

Considerações finais

O livro acabou, mas acredito que ainda há muito por vir.

Tem muito conteúdo que ainda podemos consumir, seja no aspecto do próprio letramento informacional e letramento de dados, quanto em práticas da e-science (comunicação e práticas científicas) e também na gestão, análise, visualização… de dados.

Acredito que o letramento informacional de dados faz parte de uma das áreas/ competências que abrangeria uma disciplina de especialização em biblioteconomia de dados, pois é um conteúdo que reúne as 3 áreas do seu principal diagrama:

Diagrama de venn da biblioteconomia de dados, com círculos nas cores verde, laranja e amarelo.
Fonte da foto.

Estou bastante alegre por ter aprendido e conhecido mais sobre ele.

Estou alegre por ter produzido mais material em português a respeito e de certa forma contribuído para o fortalecimento da área.

Fica o convite a você, que gostou e se interessou pelo tema, conversar ou escrever sobre, para ampliar ainda mais.

Agora me diga, depois da leitura do livro, o que você pensa sobre o letramento informacional de dados?

Deixe nos comentários e vamos trocar conhecimento.

Se você chegou até aqui e curtiu, dê palmas, compartilhe e se inscreva para me acompanhar.

Ainda há muito a se explorar.

Textos anteriores

Caso você ainda não tenha lido os textos anteriores, não deixe de conferir eles:

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Francisco Foz

Bibliotecário | Analista de dados | Disseminando informações para produzir conhecimento.