Letramento informacional de dados: utilizando um formato de E-learning
Promover o letramento informacional de dados em uma universidade é importante, mas como conseguir escalar isso para milhares de alunos?
Os bibliotecários da Universidade de Minessota nos EUA, escolheram o formato do E-learning.
Estamos em 2022 e devido pandemia do Covid-19, a sociedade foi forçada a passar por um processo de aceleração da digitalização e o formato do E-learning ficou mais comum.
Entretanto, os grupo de bibliotecários estavam em 2012.
Sim! Dez anos atrás.
Eu também me surpreendi, mas o que ainda fico mais surpreso é o quanto essa discussão não foi levantada durante esse período aqui no Brasil com a comunidade bibliotecária.
Durante o capítulo 7 do livro:
“Data Information Literacy: Librarians, Data, and the Education of a New Generation of Researchers” (clique aqui para acessá-lo).
Caso você esteja chegando agora nesse texto, confira aqui a listagem dos demais.
Os autores relataram como implementaram um projeto de letramento informacional de dados para alunos de pós-graduação em engenharia civil utilizando o formato e-learning.
E no texto de hoje, abordarei os principais tópicos do capítulo.
Bora lá?!
Sumário
Contexto
O projeto foi realizado em parceria com o laboratório de engenharia civil da Universidade de Minnesota nos EUA, pois havia uma necessidade de se realizar o letramento informacional de dados para alunos de pós-graduação se tornarem melhores pesquisadores.
A pesquisa principal desses alunos era de avaliar a integridade das pontes. Para isso colocavam sensores nela para depois extrair e analisar esses dados.
O currículo do curso não oferecia nenhuma disciplina, orientação, workshop… sobre conhecimentos da área de dados.
Os professores tinham algumas orientações, entretanto bem introdutórias e gerais.
Com o apelo das agências estatais de financiamento surgiu uma maior necessidade de se realizar um gerenciamento de dados, mas o laboratório também não tinha procedimentos formais e cada aluno fazia da sua forma.
“As habilidades para se trabalhar em um grupo de pesquisa são muitas e nem sempre os alunos conseguem adquirir a tempo, pois o tempo do mestrado é curto”
— Relato de um docente (traduzido e adaptado).
Mesmo com cada aluno fazendo de uma forma diferente, em uma visão mais geral eles seguiam um mesmo “padrão” no processo. Ele consistia em 5 etapas:
- Coleta de dados brutos.
- Estruturação e organização.
- Processamento, transformação e análise.
- Resultados e conclusões.
- Compartilhamento e arquivamento.
A maior parte do processamento e transformação dos dados era na transformação de arquivos ASCII em planilhas de Excel.
Mas oarquivamento e compartilhamento era um processo confuso, eles não sabiam qual seria a melhor versão para se armazenar os arquivos dos dados.
Quando se manipula um conjunto de dados, você pode passar por diversas etapas e vários “arquivos finais” para diversos fins e não estava claro para os alunos quando e como arquivar adequadamente.
Eles também compreendiam o valor do compartilhamento de dados, entretanto como esses dados eram de pontes reais, eles tinham medo de que eles fossem manipulados para alegarem que as pontes estavam em estados diferentes do que de fato era a realidade.
Durante as entrevistas realizadas as duas principais competências escolhidas foram:
- metadados e descrição de dados;
- ética e preservação digital.
Havia a necessidade de se ministrar treinamentos de análise e visualização de dados, entretanto nenhum bibliotecário tinha habilidades para este fim e também não conseguiram nenhuma parceria.
Olha o papel da biblioteconomia de dados sendo construído há dez anos atrás!
Formato do projeto
O projeto foi desenvolvido para durar um semestre, utilizando materiais preexistentes (vídeos na web), gravações de tela com apresentações e com a maior parte das ferramentas do google.
O projeto foi primeiro para os alunos de pós da engenharia civil, mas com o intuito de ser escalado para todos os cursos de STEM da universidade.
Ele foi estruturado em 7 módulos com a geração de um plano de gerenciamento de dados ao final do curso:
- Introdução ao Gerenciamento de Dados: conceitos de gerenciamento de dados usando um exemplo da disciplina acadêmica.
- Gerenciamento de dados: definição de informações que devem ser gerenciadas, documentação do processo de coleta de dados, plano de armazenamento e backup.
- Métodos de organização e documentação: planejamento de como organizar dados, controlar versões, criar metadados e documentar o processo de coleta de dados.
- Acesso e propriedade de dados: informações gerais sobre propriedade intelectual.
- Compartilhamento e reutilização de dados: conceitos e benefícios do compartilhamento e publicação de dados para sua reutilização.
- Técnicas de preservação de dados: apresentação de técnicas de preservação e curadoria de informações digitais por longo prazo.
- Finalização do “PGD”: módulo final com a conclusão do plano de gestão de dado.
Resultados
O curso desde o início foi projetado para que fosse prático e útil. Eles queriam que os alunos pudessem aplicar, mas nem todos estavam adiantados para começarem a coletar dados para gerenciá-los.
O principal desafio para os alunos foi:
Ter disciplina para estudar sozinho.
Por isso, na outra versão do curso (em 2013) eles inverteram o método e priorizaram o modo presencial. Os alunos assistiam aulas online e depois participavam de uma oficina semanalmente para discutirem sobre o tema.
Com isso o percentual de concluintes do curso aumentou (na primeira etapa foi de 19% e agora de 33%).
Considerações finais
Mesmo como apenas um “piloto” o projeto foi bem recebido pela comunidade universitária.
O formato online pode ter dificultado um pouco a interação e a disciplina de estudos dos alunos (mas estamos falando em 2012/13 também né?!), mas foi bastante benéfico e estratégico para reutilizarem em outras turmas o material.
“O letramento informacional de dados é uma extensão natural dos serviços clássicos de biblioteca, incluindo classificação e organização da informação, bem como instrução de alfabetização informacional.
Ela é um componente chave no papel da biblioteca universitária”.
Agora me diga, o que você acha sobre o método online para desenvolver o letramento informacional de dados?
Deixe nos comentários e vamos conversar mais sobre.
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Ainda há muito a se explorar…
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