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Imagem extraída de Wikipedia

Paul Otlet: O visionário precursor da Biblioteconomia contemporânea

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Hoje, 12 de março, é comemorado no Brasil, o dia da pessoa Bibliotecária.

Parabéns ! \0/ \0/

Além da própria celebração e comercialização, dias comemorativos também são datas políticas e quase que “rituais” em nossa cultura, para relembrarmos de temas que nos abrangem.

Eu, como um Bibliotecário, escrevo hoje sobre Paul Otlet.

Um advogado, empresário, autor, ativista da paz e “documentalista”/Bibliotecário, no qual é considerado um dos “Pais da Ciência da Informação”.

Sem dúvidas, para mim, uma das figuras mais inspiradoras.

No texto de hoje, trago um resumo sobre ele, listando algumas referências.

Bora lá?!

Gif de @beeldengeluid extraído de Giphy.com

Sumário

Quem foi Paul Otlet?

Suas contribuições para a Biblioteconomia e Ciência da Informação

O verdadeiro “Pai da Bibliometria”

Considerações Finais

Quem foi Paul Otlet?

Paul Otlet foi bibliógrafo e empresário belga, que se formou em direito apenas para cuidar dos negócios da família.

Sua paixão pelos livros o levou a entender o valor da informação e do conhecimento. Muito além de apenas um apaixonado por conhecimento, ele trabalhou durante sua vida para o desenvolvimento de novas estruturas que pudessem tornar a informação mais acessível para todas as pessoas.

“Um idealista, um sonhador de uma sociedade melhor, onde o conhecimento é a grande fonte de vida, de energia e do saber. Um teórico brilhante, pacifista e ao mesmo tempo ativista social. Eis algumas características de Paul Otlet.”

Esta frase vem do livro:

AS CONTRIBUIÇÕES DE PAUL OTLET PARA A BIBLIOTECONOMIA

No qual super recomendo a todas as pessoas que queiram entender melhor sua vida, obra e contribuições a Biblioteconomia.

Suas contribuições para a Biblioteconomia e Ciência da Informação

Paul Otlet é muito conhecido pela sua grande contribuição a área: a criação da CDU (Classificação Decimal Universal), em conjunto com Henri La Fontaine.

Assim como a criação da área da “documentação”, escrevendo diversas obras como o “Tratado da Informação”.

Uma obra que, sem dúvidas, estava muito além do seu tempo.

“A humanidade vive um momento decisivo em sua história. A massa de dados adquiridos é surpreendente. Precisamos de novos instrumentos para simplificá-la, para condensá-la, ou a inteligência jamais poderá superar as dificuldades que lhe são impostas ou alcançar os progressos que antevê e a que aspira.”

Paul Otlet, Tratados sobre Documentação , 1934

Antes de se existir o computador pessoal e da própria World Wide Web, ele já vislumbrou um local que pudesse reunir todo o conhecimento da humanidade, sendo recuperado e acessível a todas as pessoas.

Este foi o Mundaneum.

Esse texto aqui traz essas informações com imagens bem legais como as que copio a seguir:

Seu otimismo o fez enxergar uma sociedade baseada em conhecimento e informação e até mesmo tinha um projeto da “Cidade Mundial”.

O objetivo da construção da Cidade Mundial “[…] foi sempre uma questão de encorajar a disseminação da paz por meio da coleta e compartilhamento do conhecimento” As Contribuições de Paul Otlet para a Biblioteconomia

Estamos caminhando para isso… Mas não necessariamente com o olhar que provavelmente Otlet teria.

“hoje, o Google e algumas outras grandes corporações da Internet, como o Facebook, o Twitter e a Amazon, desempenham um papel semelhante ao que Otlet imaginou para o Mundaneum como os canais de coleta e distribuição para a produção intelectual do mundo. Mas os paralelos somente chegam até esse ponto.

A empresa comercial desempenhava, na melhor das hipóteses, um papel menor no mundo que Otlet imaginava. Ele imaginou uma organização transnacional financiada publicamente — e não uma tonelada de empresas com fins lucrativos.

Ele provavelmente teria visto o pandemônio da Web de hoje como um enorme desperdício do potencial intelectual e espiritual de uma humanidade.”

As Contribuições de Paul Otlet para a Biblioteconomia

Sem dúvidas ele foi um visionário ao entender e propor mecanismos que mais tarde viriam ser bases para o entendimento e desenvolvimento da Ciência da Informação e da Tecnologia da Informação, entretanto ele falhou em não pensar como se daria a relação do volume informacional e impactos em uma sociedade.

“Há também um paradoxo na facilidade com que as novas tecnologias agora permitem que os leitores reconstruam e divulguem textos da forma que desejarem, com poucas restrições legais totalmente efetivas, e muito menos as de um conhecimento passado que poderia ter conferido outro tipo de autoridade.

De muitas maneiras, essa fluidez descontrolada nos remete para a condição de uma sociedade oral. “

As Contribuições de Paul Otlet para a Biblioteconomia

De qualquer forma, pensar em toda a sua obra e posicionamento (além do seu tempo), no qual, conseguiu trabalhar em um propósito que pudesse auxiliar e desenvolver a humanidade…

É muito inspirador!

“Otlet nos deixou um legado não só voltado para a padronização e organização da documentação, modelo de sistemas de informação, tratamento temático da informação e tantas outras contribuições, mas deixou também um sonho idealizado no mais profundo cerne do ser humano:

a proposta da paz mundial, a disseminação da informação e do conhecimento, a luta por uma sociedade justa, igualitária e pacificadora que somente a informação e o conhecimento são capazes de trazer à humanidade.”

As Contribuições de Paul Otlet para a Biblioteconomia

Em um olhar sem muito estudo detalhado e “científico”, aparentemente o “trabalho” de Paul Otlet foi de fato com um propósito muito além do finito e material.

E é nessa mesma lógica que a Ciência (seja da informação ou geral) atua.

Quando falo de finitude, faço alusão a argumentação do livro “O Jogo Infinito”, que tirando a parte “mercadológica” é um livro bem interessante para novas perspectivas.

Eu, como um Bibliotecário, não entendia/entendo, de fato, todo o “espírito da Ciência”.

Confesso que tenho um pouco de vergonha, mas entendo que é uma questão de maturidade e experiência de vida.

O verdadeiro “Pai da Bibliometria”

Em muitos lugares, principalmente em fontes norte-americanas, é possível você encontrar que o criador da Bibliometria foi Alan Pritchard, entretanto na realidade foi Paul Otlet.

Esse artigo fala exatamente sobre essa discussão:

O erro de Pritchard, em 1969, foi de procurar termos apenas na língua inglesa para a nova “área descoberta” e com isso ignorou o “Tratado da Informação” de Otlet (publicado em 1934), pois estava escrito em francês.

Se você tiver interesse em consultar o original, confira aqui:

Traité de documentation : le livre sur le livre, théorie et pratique

Em resumo, como o próprio artigo trás:

“para Pritchard a “Bibliometria” seria apenas um nome mais adequado para a “bibliografia estatística”, enquanto que para Otlet surge de um todo complexo dentro de sua idealização da Documentação apresentada em seu tratado mais de três décadas antes do artigo de Pritchard.”

O pensamento de Otlet quanto a real Bibliometria é realmente singular:

“De certo modo, a proposição de Otlet em relação à Bibliometria se apoia na ideia de que a História não está baseada unicamente em testemunhos, ela se transmite também a partir de coisas nas quais o espírito humano deixou suas marcas e os livros são acumuladores dessa energia espiritual, e como os átomos e as moléculas, permitem a abordagem da realidade intelectual através da História (ZOLTOWSKI, 1952).”

Considerações Finais

Feliz dia da pessoa Bibliotecária!

Uma área pela qual tenho um grande carinho e orgulho de dizer que sou Bibliotecário.

Há diversas outras pessoas, ideias e conceitos bem inspiradores na área e eu gostaria de saber de você:

Qual outra pessoa, ideia ou conceito da Biblioteconomia/Ciência da Informação inspira você?

Deixe nos comentários e vamos conversar a respeito.

Se você chegou até aqui e curtiu, dê palmas, compartilhe e se inscreva para me acompanhar.

Ainda há muito a se explorar…

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Francisco Foz
Francisco Foz

Written by Francisco Foz

Bibliotecário | Analista de dados | Disseminando informações para produzir conhecimento.

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